quarta-feira, 28 de março de 2012

Ressignificando

    Eventos, acontecimentos, o fluxo da vida nos exige respostas; e essa interação é incessante e inevitável. 
    No palco das nossas manhãs, tardes e noites desfilamos padrões de respostas que escolhemos, que conseguimos apresentar - e nós, devemos sempre alimentar a motivação para lidar com todos esse fatores da forma mais positiva possível.
    Bem, pensando em tudo isso, tenho refletido ultimamente na questão do assumir riscos para crescer. É que essas mudanças, esses eventos, esse curso da vida que possui até não se sabe quanto o nosso controle, envolve uma ousadia para se arriscar de uma extensão que muitas vezes não compreendemos. São mudanças que podem ser enxergadas como oportunidades ou imposições - e a visão de uma ou de outra faz toda a diferença - que por diversas vezes aparecem em momentos em que a lucidez talvez exigisse um pouco mais de maturidade.
    É uma mineira que vai estudar com curitibanos e precisa lidar com o mundo cor de rosa de quem se acha o centro do país, e mobiliza recursos para escrever uma carta no ponto de ônibus onde expressa a angustia de ser ali o ponto preto da society; é uma brasiliense que migra para não apenas um, mas dois “centros interioranos” de Minas Gerais para depois voltar ao planalto e construir uma readaptação que exigiu muitos finais de semana de procura por um cachorro quente de picanha; é uma jogadora que precisou mobilizar preconceitos e resistências para conseguir olhar pra si e achar um quê de completude que não enxergava no ‘padrão’ e se utilizar dessa ousadia para buscar sua autonomia em uma migração que seja talvez, mais complexa do que as demais.
    Todos os riscos envolvidos nessa experiência em comum, dentre centenas de outras experiências compartilhadas, nos mostra a necessidade de mobilizarmos os recursos, os fatores de proteção que possuímos, para de forma saudável, fazermos desses riscos e da mudança as nossas maiores oportunidades de crescimento, amadurecimento e melhora. E ao refletir sobre os casos mencionados, é lindo e bate um orgulho danado, ver que em todas essas experiências encontramos recursos de valor inestimável, de eficácia inquestionável. É que nesses casos tão conhecidos por nós, encontramos um ponto de convergência: o apoio que buscamos e já sabemos usufruir desses quatro elos. Há muitos anos.
    A rede de apoio, a amizade, nos momentos de conflito, de risco, de mudança; é um recurso valiosíssimo na redução do risco, do medo, da insegurança, da fraqueza, da solidão, da sensação de desamparo; e ao trabalhar tudo isso, nos serve como referência para uma reestruturação do que somos e uma ressignificação de experiências boas ou ruins- que após serem ressignificadas, já não possuem mais essa distinção, transformando-se automaticamente em experiências de sabedoria.
    Essa força, pode ser vínculos afetivos, pessoas que ajudaram e ajudam a nos construir.

É muito bom perceber, que nesse processo de mudança, de riscos assumidos, criamos novos recursos, mas trabalhamos também para o cultivo e o não abandono dos antigos. Pelo contrário, fizemos das imposições da mudança uma oportunidade de perceber a beleza e resistência de vínculos que tanto nos fortalecem.

"Deixa explícito que se for pra frente
Coisas ficarão para trás
A gente só nunca sabe que coisas são essas"
O Teatro Mágico


    O importante aqui é lembrarmos, do que não deixamos, não queremos deixar pra trás. Do risco que assumimos ao despendermos esforços no cultivar relações. E acho que nesse ponto, soubemos escolher muito bem! 


Lala

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