segunda-feira, 30 de abril de 2012

Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos...(BMarley)



Tem algum tempo que eu estou pensando em alguma coisa para escrever aqui no blog, eis que estou no ônibus, super cansada dessa vida louca que estou levando, quando entra um travesti – o ônibus instantaneamente começa a cochichar – idosos, homens, mulheres, pessoas que estavam dormindo, a senhora que tinha um periquito dentro da caixa enfim todo mundo como se quem tivesse pegado o ônibus fosse o curupira.
Então comecei a pensar...em preconceito! (mais um teminha clichê!)
Parei pra pensar na minha vida e nas pessoas que estão perto de mim, e me deparei com os seguintes fatos:


1-    Uma das minhas melhores amigas é lésbica, vive com uma guria legal (é, eu admito tive um certo pé atrás com ela no começo mas hoje posso dizer que ela é muito bacana), essa minha amiga é uma pessoa incrível, e eu poderia ficar aqui a noite toda falando das qualidades dela.
2-    Já tive um namorado negro, uma pessoa que apesar dos pesares faz parte da minha história e que me fez aprender muitas coisas.
3-    Meu avô é cadeirante, eu moro só com ele e sei de todas as dificuldades que uma pessoa nessas condições enfrenta!
4-    Tenho uma prima que foi adotada quando bebezinha, e é MUITO importante na minha vida e que na minha opinião se “encaixa” mais na minha família do que muito dos de sangue.
5-    Tenho uma amiga foférrima que com 24 anos tem três filhos! –“ Ah coitada tão nova, perdeu a melhor parte da vida dela...” Coitada é o caramba, ela têm 3 filhos LINDOS, super saudáveis e ela é uma mãezona!
6-    Tem um amigo gay na lista também, é uma pessoa linda que consegue elogiar sua maquiagem e seu cabelo sem nenhuma intenção por de trás disso.

Tem mais pessoas que fazem parte da minha vida que por alguma razão tem algum tipo de “exclusão da perfeição social”, mas e dai? Essas pessoas são importantíssimas pra mim e se não fosse por elas com certeza eu seria uma pessoa sem metade das melhores histórias e lembranças que eu tenho. São pessoas que enfrentam problemas e alegrias como qualquer outra no mundo! Eu me pergunto onde essa luta pela perfeição vai levar a sociedade e quais vão ser as consequências disso – O QUEEEE VOCÊ NÃO TEM IMPLANTE DE SILICONE???? NÃO, VOCÊ NÃO PODE FAZER PARTE DO MEU GRUPO SELETO DE MENINAS GUCCI!.   

Não, eu não poderia terminar esse texto sem falar de mim.

Sou muito mas MUITO maior que o “exigido pelos padrões”. E em que isso faz de mim uma pessoa diferente? Em nada ( a não ser que eu sou uma pessoa muito mais gostosa de abraçar hahahahaha). Tenho dias felizes, tristes, momentos de insanidade total, surtos psicóticos, TPM, eu choro, tenho uma risada esquisita, sou como você que está lendo, nem melhor nem pior.. só unicamente igual.
Se pudesse mudar alguma coisa o que eu faria? Pediria para o mundo trocar esses padrões que não entram em mim por um alguns números maiores, por que além do meu corpo precisaria caber também a minha felicidade.


- Obrigada a todos vocês que são contra esse cabresto social e que de alguma forma nadam contra a maré e faz dos sorrisos de dentes tortos o mais bonito do mundo.

- E obrigada aos meus amigos citados, AMO vocês!





E como diria o nosso mestre R.Russo..."Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito."




E como não sou muito de Adeus eu digo... Estou-me indo-me!








Tainha :D

domingo, 22 de abril de 2012

Abraços, sorrisos

     Não faz muito tempo tinha o hábito de descer essa velha rua, hoje muito agitada, de patinete. Com certeza, não conseguiria mais ter esse hábito. São muitos os motivos: já não tenho mais patinete, a velha rua está cheia de semáforos e a angústia que foi outrora motor para buscar os gibis já não está mais aqui. Esse final de semana, me lembrei de quantas vezes meu coração apertado pediu pra respirar um pouco perto de outros corações. E ele sempre encontrava sossego com esses gibis.
     Nessa época, não sabia abraçar. Fui aprender a fazer isso, abraçar de verdade, com vontade mesmo a cada vez que se cumprimenta alguém que se gosta, depois de algum tempo lendo gibis. Mas logo que aprendi, comecei também a guardar tesouros em caixas. E a valorizá-los.
     Queria hoje, conseguir colocar em um potinho pra guardar no bolso, esses sorrisos e abraços. Eles são alguns dos meus tesouros.
     Iria encapá-los com a minha gratidão!

Lala

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Um pouco disso tudo que a gente sente!

Um pouco de silêncio        
Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.
Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações, muitas desnecessárias, outras impossíveis.
Não há perdão nem anistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço de sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.
O normal é ser atualizado, produtivo e bem-informado.
É indispensável circular, estar enturmado. Quem não corre com a manada praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.
Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito hâmsteres que se alimentam da sua própria agitação.
Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença.
Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem leva um susto cada vez que examina sua alma.
Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém – como se amizade ou amor se “arrumasse” em loja. Com relação a homem pode até ser libertário: enfim só, ninguém pendurado nele controlando, cobrando, chateando. Enfim, livre!
Mulher, não. Se está só, em nossa mente preconceituosa é sempre porque está abandonada: ninguém a quer.
Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Logo pensamos na depressão: quem sabe terapia e antidepressivo? Criança que não brinca ou salta nem participa de atividades frenéticas está com algum problema.
O silêncio nos assusta por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incomodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos. Nos damos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre casas, trabalho e bar, praia ou campo.
Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo além desse que paga contas, transa, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse afinal sou eu? Quais seus desejos e medos, seus projetos e sonhos?
No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos em casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou pasta. Não é para assistir a um programa: é pela distração.
Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de ver quem – ou o que – somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras.
Mas, se agente aprende a gostar um pouco de sossego, descobre – em si e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente ruins.
Nunca esqueci a experiência de quando alguém botou a mão no meu ombro de criança e disse:
- Fica quietinha, um momento só, escuta a chuva chegando.
E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: nela a gente se refaz para volta mais inteiro ao convívio, às tantas fases, às tarefas, aos amores.
Então, por favor, me deem isso: um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.
(Extraído do livro Pensar é transgredir, Lya Luft, Record, 2004)

domingo, 1 de abril de 2012

Vamos de Lispector

Oiê!

Hoje eu tô sentindo saudades ( é eu sei, isso não é novidade!) e como não saberia expressar-me tão bem quanto minha querida amiga Lispector, deixo que ela tente colocar em palavras o que é indescritível.


Saudades

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...







Como não sou muito de adeus digo ... Inté!


ps: Saroca, obrigada por me lembrar a razão disso! :)


Tainha :)