domingo, 24 de março de 2013

Cadê o afeto?

Acho engraçado e até um pouco irônico quando as pessoas falam "hoje em dia é assim" ou, "as pessoas de antigamente eram melhores", como se a humanidade estivesse sempre se afundando cada vez mais em uma areia movediça... 



Acontece, que até mesmo nós jovens, tão privilegiados com as facilidades da internet e da tecnologia em geral, sentimos carência de tantas coisas que parecem não haver mais. Tenho certeza que muitos vão se identificar com brincadeiras como queimada na rua, subir em árvores, caixa de areia, correr na chuva, jogar balão d'água... Por mais que sejam acontecimentos que todos falam sempre, devemos assumir que esse tipo de distração, apesar de ainda estarem presentes hoje, não são tão comuns quanto antes.

Essas facilidades, que tanto nos aproximam... E tanto nos afastam. Encontros se transformaram em telefonemas, que se transformaram em sms, whatsapp, etc. "Conversamos" o dia inteiro e nos consideramos super próximos uns dos outros por passar o tempo todo trocando mensagens instantâneas. Como é difícil encontrar com amigos sempre que precisamos de conselhos ou desabafos. A demanda é muito maior do que o tempo disponível.

Daí encontramos aquelas pessoas que fazem parte da nossa rotina, ou esporadicamente aquelas que não fazem e, lado a lado, dizem "um beijo", ou "um abraço" ou pior... "um grande abraço".



As cidades e escolas estão cheias de crianças e adultos carentes e egoístas, reprimidos ou extremamente especializados em um assunto e ignorantes no que se refere a relações sociais e afetivas.

Precisamos de utilizar a tecnologia, o conforto e o bem-estar de forma a nos ajudar a crescer. Como um impulso para sair da areia, e não como uma pedra que nos ajuda a afundar. Vamos nos beijar, abraçar, brincar e cumprimentar. Vamos ser exagerados, sinceros e francos. 

Vamos ser antiquados, da época em que se resolvia um problema como homens e mulheres que se encaram e conversam sobre o que carregam no coração. Vamos ser humanos.


Sara Melo.